Nos dias em que o livro do Apocalipse foi escrito o
império romano ainda dava as cartas em grande parte do mundo conhecido. O
imperador romano e seus exércitos fizeram reinos e reis se curvarem diante
deles e as ordens emanadas de Roma repercutiam até as mais extremas localidades
e vilarejos debaixo de seus domínios.
Mas os romanos não foram nem o primeiro e nem o último
império a surgir no mundo. Desde os primórdios da história humana temos relatos
de impérios que surgiram e desapareceram. Até recentemente se falava do império
russo e americano e que atualmente são apenas sombra do que foram.
Todos
estes impérios e seus líderes, de ontem e de hoje, pensavam que estavam no
controle do mundo. Mas os fatos históricos são contundentes em demonstrar que
todos e cada um deles jamais estiveram realmente no “controle” dos
acontecimentos. Um a um surgiram e desapareceram.
O Apocalipse foi escrito para mostrar quem está no
controle.
O capítulo quatro do Apocalipse marca uma mudança drástica
tanto do cenário quanto do assunto a ser desenvolvido. Nos primeiros capítulos
o palco era a terra, mas agora é o céu. Nos primeiros onze versículos o
escritor nos transporta juntamente com ele para diante do Deus eterno e
glorioso assentado no trono, que simboliza seu Reino e Soberania.[1]
O termo “trono” aparece nada menos do que dezessete vezes
nos capítulos quatro e cinco. Este trono esta no céu e não na terra, pois o
exercício de seu poder e soberania se estende sobre todas as esferas da vida,
seja terrena ou celestial.[2]
O escritor não faz qualquer tentativa de descrever a
Deus, mas apenas descreve toda glória e resplendor produzido por sua presença
ali. Toda descrição visa indicar características do caráter deste que se
assenta no trono – sua santidade, sua justiça e a salvação provida através do
Filho.
Ao redor do trono encontram-se vinte e quatro anciãos
assentados em tronos representativos de todos aqueles que foram salvos, tanto
no Primeiro quanto no período do Segundo Testamento, quer fossem judeus ou
gentios. O objetivo deles é somente um – adorar Àquele que está assentado no
trono, pois somente Ele é digno de receber adoração e louvor.
“Não devemos, contudo, perder de vista
o fato de que a verdadeira razão por que estes vinte e quatro tronos com seus
ocupantes são mencionados aqui é para intensificar a glória do trono que ocupa
o centro. Esse trono representa a soberania de Deus. Os vinte e quatro anciãos
estão constantemente rendendo homenagem ao Ser que ocupa o trono, tão grande é
ele!” (HENDRIKSEN, 1987, p.108.
Os relâmpagos, as vozes e os trovões que irrompem
intermitentemente a cena sugerem as manifestações visíveis e audíveis da
presença poderosa de Deus (cf. no Sinai – Êxodo 19.16). Os poetas hebreus
utilizavam os trovões para indicar a presença e a majestade de Deus (cf. I
Samuel 2.10).
Se esta visão da Soberania de Deus não for adequadamente
compreendida, tanto a unidade do livro quanto seu propósito será perdido. A
certeza absoluta de que Deus reina soberanamente foi o alento do coração e da
alma daqueles primeiros cristãos que estavam sendo esmagados pelo poder déspota
de Roma e seus implacáveis imperadores; continua sendo o grande farol que dá
sentido e direção para os cristãos atuais, que vivem nas trevas intensas do pós-modernismo
com sua total falta de verdades absolutas.
Mais do que em qualquer outra época, os cristãos deveriam
cantar a todo pulmão o que o salmista já cantava em seus dias e que os anciãos
e seres viventes cantam eternidade adentro: “REINA O SENHOR, tremam os povos. ELE ESTÁ ENTRONIZADO ACIMA
DOS QUERUBINS, abale a terra” (Salmo 99.1).
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
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Comentário (1.1-3)
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[1] “Eu
continuei olhando até que foram postos uns tronos e um Ancião de dias se
assentou” (Daniel 7.9).
[2] “O
Senhor tem estabelecido o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo”.
(Salmo 103.19).
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