terça-feira, 14 de março de 2017

Itinerário da Última Semana de Jesus Segundo Marcos


            Os evangelistas seguem um roteiro mais ou menos comum, desviando-se aqui e ali para inserirem seus materiais próprios ou para organizar seus materiais dentro de suas perspectivas.
            No que tange a ultima semana de Jesus não poderia ser diferente, de maneira que algumas aparentes discrepâncias aparecem entre suas narrativas, mas nada que seja inexplicável ou irreconciliável.  Seguiremos o roteiro estabelecido por Marcos em sua narrativa evangélica:
Sábado à noite: Jesus é convidado para jantar na casa de Simão, o leproso, no vilarejo de Betânia (14.3-9).
Domingo: Jesus entra em Jerusalém, montado em uma jumentinha e é ovacionado pelos peregrinos que também sobem para a festa da Páscoa. Permanece na cidade e à tarde retorna a Betânia (11.1-11).
Segunda-feira: Enquanto se dirige novamente a Jerusalém procura fruto em uma figueira e não encontrando amaldiço-a. Ao adentrar ao Templo é tomado por uma forte comoção e indignação dirigida aos vendedores que haviam invadido os espaços para explorarem os peregrinos, sob às vistas complacentes dos sacerdotes. Retorna novamente a Betânia (11.12-19).
Terça-feira: Os discípulos percebem que a figueira amaldiçoada no dia anterior está completamente seca, gerando um dialogo entre Jesus e Pedro e a lição de que o evangelho deve produzir frutos. Os debates com as autoridades religiosas tornam-se não apenas inevitáveis como cada vez mais radicais. Jesus conta a parábola dos Lavradores Maus e denuncia a hipocrisia dos escribas; enaltece a oferta da viúva pobre em demérito das ofertas dos abastados. Prediz a ruina do Templo e, por conseguinte da própria cidade de Jerusalém, bem como de seu retorno triunfal. As autoridades se reúnem para traçarem planos de prendê-lo e mata-lo (11.20-14.2)
Quarta-feira: Marcos nada registra sobre o que Jesus fez nesse dia. Há uma inferência de que é nesse dia que Judas acerta os detalhes de sua traição (14.10.11).
Quinta-feira: Inicia-se a preparação para a Páscoa; durante a refeição pascoal Jesus indica o traidor; é instituído o sacramento da Ceia; ele fala de que todos o abandonaram e que Pedro o negara três vezes; dirige-se ao Getsêmani e enquanto Jesus ora em profunda agonia, os discípulos dormem; Judas chega com soldados do Templo e outras pessoas e identifica Jesus com seu beijo traiçoeiro; ele é preso e os discípulos fogem; Pedro ainda o segue de longe, mas diante das pressões no pátio do sumo sacerdote Caifás o discípulos sucumbe e ao negar seu Mestre pela terceira vez, o galo canta ao longe pela segunda vez; Pedro lembra-se das palavras de Jesus e chora em arrependimento (14.12-72).
Sexta-feira: Jesus é acusado e julgado diante de Pilatos; a multidão reunida à porta do Prefeito escolhe Barrabás e pede a crucificação de Jesus! É condenado e antes terrivelmente açoitado e escarnecido pelos soldados romanos de plantão; no trajeto quando fica sem forças para carregar a cruz os soldados obrigam Simão Cireneu a ajuda-lo; no Golgota Jesus é pregado e levantado na cruz entre dois ladrões; profere algumas palavras na cruz; do meio-dia às três da tarde houve um eclipse total do sol acompanhado por um forte terremoto; às três horas da tarde Jesus “clama em alta voz” e morre, nesse momento o véu do Templo rasga-se de alto a baixo; o centurião romano que nada tinha haver com aquela história declara: esse verdadeiramente é Filho de Deus; seu corpo é retirado e colocado em um túmulo emprestado (15).
Sábado: O evangelista Marcos nada registra, mas Mateus o faz (27.62-66).
Domingo: As mulheres se preparam e dirigem-se ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus; um anjo lhes comunica que Ele ressuscitou e as envia a anunciarem aos demais discípulos e de forma especifica a Pedro (16.1-8). Jesus ressurreto se apresenta em algumas ocasiões aos seus discípulos (16.9-20).

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


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Referências Bibliográficas
BETTENCOURT, Estevão. Para Entender os Evangelhos.  Rio de Janeiro: Agir, 1960.
CARSON D. A., DOUGLAS, J. Moo & MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo:  ed. Vida Nova, 1997.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
MAGGIONI, Bruno. Os relatos evangélicos da Paixão. Tradução de Bertilo Brod. São Paulo: Palinas, 2000. [Coleção Espiritualidade sem fronteiras].
MULHOLLAND, Dewey M. Marcos – introdução e comentário. Tradução de Maria Judith Menga. São Paulo: Vida Nova, 1999. [Série Cultura Bíblica].
SOARES, Sebastião Armando Gameleira & JUNIOR, João Luiz Correia. Evangelho de Marcos, v.1, ed. Vozes, Petrópolis, 2002.


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