sábado, 2 de julho de 2016

APOCALIPSE – Dificuldades Para a Leitura e Compreensão

Para muitos que leem o Apocalipse[1] pela primeira vez, particularmente um recém convertido, o livro lhe parece algo enigmático e assustador, cheio de símbolos, os quais dificultam o seu entendimento. Mas, com uma crescente compreensão bíblica, analisando-o à luz do contexto bíblico, estando atento às palavras dos profetas, dos apóstolos, ao sermão profético e ao significado dos símbolos ele se tornara reconhecível e estimulante e se transformara numa radiosa mensagem de fé e esperança para os cristãos e igrejas de todos os tempos e até a consumação dos séculos.
Uma razão por que ele parece enigmático é por causa do estilo apocalíptico em que foi escrito. A linguagem apocalíptica utilizada pelo escritor era imediatamente compreensível para os seus primeiros leitores no final do primeiro século, mas não é um estilo comum nestes primeiros dias do século vinte e um e por esta razão torna-se uma barreira para se compreender a mensagem do livro. 
A proposta deste singelo trabalho é preencher um pouco mais as lacunas de nossa compreensão e demonstrar como ambas as escrituras do AT e NT, fornecem as chaves para a interpretação do livro do Apocalipse. 
Uma visão mais ampla pode ser alcançada apenas estudando as muitas referências que se cruzam dentro do Apocalipse e em particular os contrastes decorrentes disto. É destacável também a forma com que a mensagem do AT foi apreendida e interpretada dentro da perspectiva neotestamentária. É facilmente perceptível não apenas a unidade do próprio livro, mas sua unidade com o restante da palavra de Deus, o que o torna um instrumento indispensável. O melhor comentário do Apocalipse é a própria Escritura e qualquer outro comentário pode tornar a água turva, como tão bem coloca Alexander em seu comentário:
“O livro do Apocalipse não deve e não pode ser interpretado senão pela Palavra de Deus, e para compreender bem a Palavra de Deus e não nos afastarmos de sua verdade é preciso tomar sempre o cuidado de procurar O QUE A BÍBLIA DIZ DA BÍBLIA. Realmente, em sua diversidade, a Bíblia é a única intérprete de si mesma” (ALEXANDER, 1987, p.16). 
Outra forte razão pela qual o Apocalipse é frequentemente relegado à periferia das Escrituras (juntamente com outras partes apocalípticas) é por causa de seu simbolismo indigesto. Por causa disto ele não pode ser lido apressada ou superficialmente, mas para aquele que se aproximar dele com diligência contemplara seus preciosos e incomparáveis tesouros. 
Ainda outra razão por que ele não é frequentemente lido está na forte advertência de 22:18-19 sobre acrescentar ou retirar qualquer palavra da profecia. Porém as bênçãos de 1:3 e 22:7 devem servir de grande incentivo a que seja lido, ouvido e entendido.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br//

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Referências Bibliográficas
ALEXANDER, H.E. Apocalipse.  São Paulo: Ed. Ação Bíblica do Brasil, 1987.
BARCLAY, William. El Nuevo Testamento, vol. 16. Argentina, Buenos Aires: La Aurora, 1975.
MUNDLE W. “Revelação”, NDITNT, IV.



[1] O substantivo “apokalypsis” provém do verbo grego, “apokalyptõ”, que é composto de duas palavras: “apo” = “de” e “kalyptõ” = “encobrir, ocultar”. Assim, o verbo “apokalyptõ” significa: “desvendar, descobrir, revelar, etc..”.  E o substantivo “apokalypsis” significa: “manifestação, revelação, etc..”  Quanto a uma pesquisa mais detalhada: (MUNDLE, pp. 221-226; e BARCLAY, 1975, pp. 29ss).

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