quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

ALEXANDRE MAGNO E O HELENISMO - Verbete


ALEXANDRE MAGNO E O HELENISMO
As conquistas de Alexandre o Grande a partir de 334 a.C., quando desembarcou em Trôade, até sua morte, na Babilônia em 323, demarca o momento da introdução do pensamento grego nas terras bíblicas. Suas conquistas transformaram vida no Oriente Próximo e a cultura helenística espalhou-se rapidamente por todos esses países. O comércio internacional progrediu vigorosamente sob o novo clima cultural e político.
Helenismo, que é o substantivo derivado do verbo “ellenizo” (falar grego), originalmente significava o uso adequado da língua grega. Na Grécia do século IV, era uma exigência para distinguir o grego do estrangeiro, pois os estrangeiros tinham se tornado tão numerosos que se tornou uma influência corruptora do idioma dos próprios gregos. Por esta razão a retórica fazia parte integrante do currículo acadêmico no Liceu de Atenas, que era dividida em cinco partes denominadas de “virtudes da dicção”, cuja a primeira e básica era o Helenismo, ou seja, a gramatica e correta utilização da linguagem grega sem qualquer corrupção barbara.
Posteriormente, fora da Grécia o termo foi adquirindo um sentindo cultural mais amplo de adoção do estilo de vida grego. Com o desenvolvimento do cristianismo, helenismo passou a incluir também um sentido religioso abarcando todas as manifestações cúlticas não apenas dos gregos, mas de todas as religiões não cristãs (pagãs), sendo esse o sentido que os chamados Pais da Igreja, principalmente de origem grega, fazem uso deste termo em suas obras polemistas, onde defendem e fazem distinção entre o cristianismo e as demais religiões.
Sem dúvida alguma a maior contribuição do helenismo foi popularizar a língua grega. O grego Koine (popular) tornou-se a língua comercial-cultural de âmbito internacional. Como a maioria dos judeus, após a diáspora, permaneceram vivendo foram da Palestina, houve a necessidade de se efetuar uma tradução da Bíblia Hebraica para a língua grega, que recebeu o nome de Septuaginta e/ou Versão dos Setenta (LXX), e que foi amplamente utilizada nas Sinagogas espalhadas por todo o Império Romano.
 O cristianismo, apesar de iniciar na Palestina, nasce permeado pelo helenismo. A literatura cristã, ainda que fosse escrita por judeus, com exceção de Lucas, utilizou-se da língua grega para comunicar sua mensagem e desta forma se universalizar. O foco irradiador deste cristianismo helenizado foi a cidade de Antioquia, substituindo Jerusalém (o centro judaico) e onde pela primeira vez os seguidores de Cristo são denominados de cristãos (christianoi). O apóstolo Paulo compreendia muito bem o processo transcultural helenista e utilizou-se dele para expandir o cristianismo, partindo sempre das sinagogas espalhadas por todo o mediterrâneo, onde o grego era falado e a Septuaginta era utilizada, por isso a razão de se encontrar tantos prosélitos nessas sinagogas. Suas inúmeras correspondências, portanto, suas argumentações, foram elaboradas nesse contexto helenista e na língua grega, o que se pode comprovar pela sua utilização das citações da Septuaginta e não dos textos hebraicos. Entretanto, torna-se precipitado concluir que Paulo e os demais escritores neotestamentários foram totalmente absorvidos pela mentalidade e conceitos gregos, ao contrário, o pensamento deles continuou hebraicamente concreto e não abstrato como na filosofia grega.

Me. Ipg

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